Um
dia a gente conhece alguém que até então não era ninguém, ele
vai se aproximando de uma forma diferente, meio carente. Ele começa
por entender tudo que dizemos, apóia tudo que fazemos, se interessa
por tudo que pensamos e almejamos. Aos poucos vamos descobrindo que
temos muitas coisas em comum.
Cada
dia que passa as conversas vão se tornando mais profundas, quando
percebemos já contamos alguns segredos, já mostramos nossas
fraquezas, dúvidas e medos. E o tempo vai passando...e esses
momentos juntos, cada vez mais aumentando. Começamos a ter a
necessidade de contar as alegrias e o desejo de dividir as
fantasias. Depois queremos dividir as tristezas, falar do passado,
contar de momentos que ficaram marcados. Em todos os instantes
queremos a sua opinião pra resolver qualquer questão. Mais adiante
queremos falar das vitórias, mostrar nossas glórias, revelar
nossos fracassos e exibir nossas histórias. ..e o tempo vai ficando
curtinho pra dar tanto carinho,receber tanto amor e esquecer
qualquer dor. Esse alguém divide tudo conosco, sem restrições,
sem questionamentos, por puro prazer e encantamento.
Quando
percebemos estamos completamente dependentes dessa convivência,
pois ela preencheu toda a nossa carência. Temos então a certeza
que não existe mais ninguém como esse alguém. Ele sabe dar atenção
na hora certa e compreender nossas horas incertas. Ele divide
conosco emoções, ilusões, sonhos e sensações. Ele se faz
presente , mesmo quando não está junto da gente, através de uma
canção ,de um poema ou de uma situação. Aí........descobrimos.........já
é amor!!
Surgem
então batalhas a serem vencidas, lutas a serem decididas e todas vão
sendo resolvidas O coração dispara cada vez que ele fala, cada vez
que ele chega ou cada vez que se cala. Começamos então a ter
desejos, sentimento fulminante que aflora a todo instante.
Misturam-se então, alma, coração e tesão........uma louca sensação,
irremediável questão. A cabeça começa a não poder mais
raciocinar, perde o rumo das palavras, fica escravizada.
Quando
tudo parece perfeito....começam a acontecer momentos de dor
misturados ao amor. Não se sabe mais o que é direito, não se
percebe mais o que deve ser feito. A alma vez por outra lateja na
solidão , mas essa mesma alma que chora de tristeza, sabe também
dar o perdão, consegue estender novamente a mão. O perdão vem do
amor, esquece portanto a dor. Novos momentos de euforia, a luz da
paixão de novo irradia naqueles corações, ambos contaminados por
emoções.
Faz-se
novamente calmaria e a essência de tudo passa a ser só a alegria.
Acontece que os desencontros voltam a surgir, os corações voltam a
sofrer e o amor vai ficando abalado, vai ficando despedaçado. No
fundo da alma no entanto , o amor continua a acontecer, a crescer, a
gritar que não quer morrer. ....mas ele coitado, desgastado que está,
não consegue suportar mais a dor, não consegue mais se sobrepor.
Chega
um momento que é urgente que se faça algo para que esse amor não
seja posto de lado, mesmo separados, ele haverá de sobreviver e de
alguma forma vencer. Agora então só restará uma solução, deixá-lo
viver num passado calado, numa história de um livro ou em algum
tipo de arquivo.
Amor
é assim, começa sem pressa, quer apenas acontecer, florescer. Amor
quando está agonizando não precisa de despedida, não se programa
partida, ele simplesmente termina na ruína. Triste e revoltado o
amor vai ficando amargurado, decepcionado com o seu destino e aos
poucos vão partindo. Um dia, tudo desaba, acaba, numa simples
palavra ou numa vírgula mal colocada. Aí, resta só a saudade,
resta aquela vontade de voltar no tempo nem que seja só por um
momento e tentar mais uma vez ser feliz ou pelo menos fazer com que
ele saiba que foi o que a gente mais quis.
Silvana
Duboc
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