A
Fundação Seade e o Dieese ( Departamento Intersindical de Estatísticas
e Estudos Sócios - Econômicos) divulgaram dados sobre o desemprego
em 2002 na região metropolitana de São Paulo e deles podemos fazer
algumas observações.
Tivemos o segundo maior índice de desemprego dos últimos
dezessete anos, ou seja l9% da População Economicamente Ativa está
desempregada. Em torno de 1.759.000 trabalhadores estão buscando
trabalho, alguns fazendo “bicos” e outros só preenchendo fichas,
entregando currículos, falando com vizinhos e parentes, com porteiros
das empresas,
”
gastando sapatos”.
Nos parece um número assustador, que tem muita influência nas
conseqüências sociais de uma metrópole, como a instabilidade
emocional do cidadão, a segurança, a educação e a saúde da família.
Dado mais preocupante, no entanto, é o que mostra que mais de
1.500.000 de jovens, devem ser inseridos no mercado de trabalho
anualmente no país, e que vivem principalmente nas zonas urbanas. São
jovens que passam a atingir a idade mínima para trabalhar, saem em
busca de emprego no comércio, na industria e no serviço, para
custear seus estudos e ajudar na renda familiar. Não encontram, e
começam a perder as esperanças muito ativas nessa idade. A
expectativa vibrante do jovem começa a desmoronar. É uma força viva
que em vários casos
desanda e vai para caminhos nem sempre corretos . Ficam em casa vendo
TV ou jogando vídeo game quando poderiam estar produzindo. É nessa
idade que o jovem está encontrando a sua trilha. Pode ser boa ou não.
Infelizmente, 2002 foi um péssimo ano na criação de
empregos. Foram criados apenas 29 mil empregos nas indústrias, nas
regiões metropolitanas, muito abaixo das necessidades.
Outro dado preocupante da análise, é que o tempo médio para
procurar trabalho era em 1987 de até 14 semanas. Em 2002 foi de até
51 semanas, ou seja um ano procurando emprego. São números
desanimadores.
Como bem disse o empresário Abraham
Kasinsky ” antes o operário lutava por dez tostões a
mais no salário. Hoje ele luta por emprego”.
Sem contar que o trabalhador que está na ativa teve seu
rendimento médio reduzido de 1997 para 2002 em 28,3% passando para R$
889 por mês.
Do outro lado, em boa hora, o governo federal esta criando o
Fome Zero, programa que visa atender as famílias mais pobres do país,
não só dando alimentação, mas procurando dar infra- estrutura ao
cidadão, e oferecer programas de geração de renda.
Começa por Guaribas no Piauí, a terceira pior cidade
brasileira na lista do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU,
prometendo construir uma adutora para água, asfaltamento de rodovia
de acesso, um programa habitacional, construção de cisternas,
alfabetização de 300 jovens e adultos. Vai pagar R$ 50 por família.
Só não ouvi falar em emprego. Não seria o caso de pagar um salário
mínimo e dar emprego para ajudar na construção da estrada, das
cisternas e das casas? O Cidadão ficaria mais entusiasmado, de moral alta e
valorizado. Estaria feliz, ganhando e produzindo. Estaria aprendendo a
pescar e não apenas comendo o peixe.
A Campanha é sábia. O Brasil que come ajudando o Brasil que
tem fome. É um grande tema para motivar o restante dos brasileiros,
porém deve-se desvincular o paternalismo. Melhor para quem recebe,
se tiver a sua participação como empregado.
O grande problema dessas ações sociais, se os que recebem a
ajuda não tiverem remuneração
de trabalho, é que a metade da verba social se perde na burocracia.
Alguns exemplos mostram essa perda. O Bolsa - Escola por exemplo
distribui R$ 15 por aluno mas a prefeitura de São Paulo gasta
R$ 7 com os custos intermediários. O Bolsa-Escola no país é pago às
famílias de 10,7 milhões de crianças entre 6 e 15 nos
em troca da freqüência às aulas.
Outro problema grave nessas cidades carentes é o número de
filhos de uma família. Por que não se fazer um planejamento
familiar, esclarecedor aos pais com palestras médicas e instrutivas
para se diminuir a geração de filhos? Alias,
sobre este tema escrevi em 11/02/1995 um artigo denominado “
A multiplicação da miséria” ( meu livro “ Somos todos responsáveis”
página 310), onde
digo que o planejamento
familiar não fere direitos ( não é controle de natalidade), mas
cria uma paternidade responsável. Não é digno para uma criança ser
colocada no mundo e receber de presente a miséria, a fome e uma vida
desumana.
O assistencialismo só perpetua a miséria.
Os recursos desses programas sociais
do governo devem ser
menos assistencialistas e mais geradores de
empregos e produção para o bem da própria comunidade.
Esperamos que assim seja. Poderíamos
ter por exemplo o “Seca
Zero” levando água à terra e outros programas Zero,
mas sempre com o espírito voltado para o emprego do cidadão
que poderia ser usado nessas obras.
Há anos, há muitos programas sociais por esse Brasil afora
(segundo o IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Brasil
já gasta mais de R$ 150 bilhões por ano na área social), mas o que
me parece mais importante é a criação de empregos, que permitiria
ao cidadão sobreviver as suas custas e com dignidade.
Mas uma pergunta se faz necessária.
Como criar emprego com uma carga tributária de 36,45% sobre o
que se produz e encargos legais
trabalhistas acima de 70% sobre a folha de pagamento?
Milton
Bigucci(06-02-03)
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