Conta-se que um dia um homem
parou
na frente do pequeno bar,
tirou do bolso um metro, mediu a porta
e
falou em voz alta: dois metros de
altura por oitenta centímetros de largura.
Admirado mediu-a de novo.
Como se duvidasse das medidas
que
obteve, mediu-a pela
terceira vez. E assim tornou a
medi-la
várias vezes.
Curiosas, as pessoas que por ali
passavam
começaram a parar.
Primeiro um pequeno
maior,
por fim uma multidão.
Voltando-se para os curiosos o
homem
exclamou,visivelmente impressionado:
- Parece mentira! Esta porta
mede
apenas dois metros de
altura e oitenta centímetros de largura,
no
entanto, por ela
passou
todo o meu dinheiro,
meu
carro, o pão dos meus
com
terreno.
- E não foram só os bens
materiais.
Por ela também
passaram
as esperanças da
minha
esposa, passou toda a
felicidade do meu lar...
- Além disso, passou também
a
minha dignidade,a minha
honra, os meus sonhos, meus planos...
- Sim, senhores,
todos
os meus planos de construir uma
família feliz, passaram por esta porta,
dia
após dia... gole por gole.
- Hoje eu não tenho mais nada... Nem família,
nem
saúde, nem esperança.
- Mas quando passo pela frente desta porta,
ainda
ouço o
chamado daquela que é a responsável
pela
minha desgraça...
- Ela ainda me chama insistentemente...
- Só mais um trago! Só hoje!
Uma
dose, apenas!
- Ainda escuto suas sugestões
em
tom de zombaria: "você
bebe
socialmente, lembra-se?"
- Sim, essa era a senha. Essa
era
a isca. Esse era o engodo.
- E mais uma vez eu caía na armadilha
dizendo
comigo mesmo:
"quando eu quiser, eu paro".
- Isso é o que muita gente pensa, mas só
pensa...
- Eu comecei com um cálice,
mas
hoje a bebida me dominou por
completo. Hoje eu sou um trapo humano...
E
a bebida, bem, a bebida continua
fazendo as suas vítimas.
- Por isso é que eu lhes digo, senhores: esta
porta é a
porta mais larga do mundo!
Ela
tem enganado muita gente...
- Por esta porta, que pode ser chamada
de
porta do vício, de
aparência tão estreita, pode
passar
tudo o que se tem de
mais
caro na vida.
- Hoje eu sei dos malefícios do álcool, mas
muita gente
ainda não sabe. Ou, se sabe,
admitir
que está sob o jugo da bebida.
- E o que é pior, têm esse
maldito
veneno, destruidor de
vidas, dentro do próprio lar,
à
disposição dos filhos.
- Ah, se os senhores soubessem
o
inferno que é ter a vida
destruída pelo vício, certamente
passariam
longe dele e
protegeriam
sua
família contra suas ameaças.
Visivelmente amargurado,
a
passos lentos, deixando a
cada
uma das pessoas que o ouviram, motivos
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