Rafael era um menino de doze anos, filho de família de classe média.
Naquela tarde estava contente, o Natal se aproximava,

estava de férias escolares e 

sua mãe permitiu que gastasse 

o dinheiro guardado num pequeno cofre de porcelana em formato de porco.

Contou as moedas e viu que poderia comprar muitas barras de chocolate,

 inclusive para os seus irmãos. Foi ao supermercado perto de sua casa.

No pátio da loja, deparou com uma

senhora sentada sobre

 um bloco de pedra balizador do estacionamento. 

Tinha a expressão sofrida e chorosa, nos braços

 segurava uma criança vestida com trapos.

 Alguma coisa fez Rafael parar diante 

daquelas humildes criaturas.

A criança estava desnutrida, o corpo raquítico

 em desacordo com a idade. Apesar da aparência,

 era um menino de olhos muito vivos, esperto

 e estendeu-lhe os bracinhos com sorriso meigo.

 Rafael acocorou-se diante da criança

 e com ela brincou, 

fez caretas e foi correspondido

 com grunhidos faceiros.

Naquele instante, a mãe dava-lhe a mamadeira,

 continha um líquido esbranquiçado e 

Rafael perguntou se era leite.

 Ela, com a voz cansada, respondeu:

- Meu filho, pobre não bebe leite, 

apenas água com farinha. 
Diante do que ouviu, Rafael comoveu-se.

 Seu pequeno coração era imbuído de generosidade.

Colocou a mão no bolso da calça,

 retirou o punhado de moedas

 – todas as suas economias -

 e entregou para a mulher, que num sorriso

 sem vida estendeu o braço magro e agradeceu:

- Linda criança, você é bondoso.

 Tentei esmolar diante da porta 

de entrada do supermercado,

 porém não deixaram. 

Sujeitei-me a isso por não conseguir trabalho.

 Meu filho não come

 desde ontem. Porém,

 veja que Deus nos dá o frio 

conforme o cobertor e fez você surgir.

 Mesmo sendo uma criança,

  tem a alma caridosa e nos ajudou.

 Meu menino, ao vê-lo, esqueceu da fome e sorriu.

 Muito obrigada, Deus lhe retribuirá. 
Rafael deixou de comprar os doces que planejava.

 Entretanto, sentiu-se feliz e voltou para casa.

Ao passar sob a marquise de um prédio em construção, 

ouviu uma voz chamá-lo

 pelo nome duas vezes seguidas.

 Parou para identificar o chamado.

Naquele momento, um andaime soltou-se do prédio,

 caiu exatamente onde Rafael estaria se não parasse.

 Assustou-se, mas restabeleceu a caminhada.

Na sua mente permaneceu o sorriso daquela criança. 

Rafael, em sua ingenuidade,

 não entenderia o acontecimento. 

Ao ajudar o bebê e sua mãe, 

praticara um bem espontâneo.

 Não imaginaria que aquela

  criança era um anjo visitando

 a terra incorporado de mendigo, que num milagre salvou sua vida...

Odilon Fehlauer.

 

 

 

 

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